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  • Pra. Evelyn Dias

Não se abandone: reflexões sobre novas perspectivas para lidar com a solidão

“E Eu estarei com vocês até o fim dos tempos.” (Mateus 28:20)




A solidão é comum a todos e apesar de ser um sentimento experimentado ao longo da vida, não sabemos como lidar com ele. A solidão assusta, traz medo e pânico, mas este sentimento sempre esteve presente em nós.


Psicanalistas dizem que a primeira vivência da solidão se dá na ruptura que temos no nascimento. Nascer significa sair do lugar de conforto e aconchego, rumo a um mundo frio e barulhento. Por isso a solidão associa-se ao sentimento de abandono que temos desde o nascimento. A quebra da simbiose com a nossa gestora, ou mãe, coloca em nós, mais precisamente na nossa vida psíquica, a ideia que a solidão, representa: o vazio, a lacuna, a perda de lugar, e, portanto, um estado de sofrimento.


No decorrer da vida outras rupturas acontecem e são necessárias. A saída de casa para iniciarmos a vida escolar, depois a vida profissional ou familiar. Os ciclos da vida que se iniciam e terminam indicam sinais de desenvolvimento e maturidade. Porém em cada um deles, nos sentimos sozinhos e aquela sensação de abandono é retomada ainda que inconsciente.


Muitos tentam fugir deste sentimento, buscando subterfúgios e alternativas, sem sucesso pois a solidão faz parte dos ciclos que vivemos, e em algum momento das nossas vidas ficaremos sozinhos, seja por opção ou por uma situação não desejada. Muitas pessoas por não saberem enfrentar este sentimento de forma saudável, acabam fazendo escolhas precipitadas, como procurar em outra pessoa o preenchimento deste vazio existencial, se refugiar no trabalho excessivo, outras no uso de substâncias psicoativas. Essas escolhas não resolvem o problema, proporcionam apenas um alívio paliativo. Quando não refletimos profundamente o que este sentimento representa para nós, e como lidamos com ele de maneira consciente, podemos estar em meio à multidão, que mesmo assim nos sentiremos sozinhos.


Olhar para a solidão com uma nova perspectiva, nos indica alternativas de lidarmos melhor com este sentimento. Deus nos fez seres integrais, temos um corpo, temos uma vida psíquica (emocional) e espiritual. Somos inteiros, e as lacunas que existem dentro de nós podem ser preenchidas, primeiramente quando nos aceitamos. Aceitar as nossas potencialidades e limitações, nos faz admirar nossa própria trajetória de vida e nos ajuda a olhar para nós como seres “inteiros”. O processo de aprendizado que podemos ter nos momentos de solidão é de nos auto acolhermos, nos amarmos e nos respeitarmos.

A solidão nos machuca porque somos seres sociáveis, dependemos de outras pessoas para nos sentirmos pertencentes e amados. Por isso ao nos sentirmos sozinhos é importante ampliar nossa rede de vínculos, com nossos amigos e familiares para partilharmos nossas alegrias e tristezas. Quando contamos com o apoio daqueles que fazem parte das nossas vidas nos construímos como pessoas.


A rede de relacionamentos que estabelecemos na igreja também é importante. Ao estarmos vinculados à igreja experimentamos uma rede de acolhimento emocional e afetivo e esta vivência se torna terapêutica e restauradora.


Com o cenário da pandemia estes recursos presenciais foram interrompidos, porém precisamos lembrar que nem sempre o apoio que precisamos, seja dos amigos, familiares e da igreja, acontecem presencialmente. As possibilidades de aproximação de forma remota nos ajudam a superar os momentos difíceis.


No texto de Mateus 28:20, Jesus instruiu aos seus discípulos a necessidade de viverem, realizando a obra que Ele tinha confiado a cada um. Mas Jesus, conhecedor da alma humana, sabia que os discípulos se sentiriam sozinhos, após a sua morte. Por isso Ele declara que estaria sempre com eles, por meio do seu espírito.


Esta palavra ainda faz sentido para a nossa realidade. Nos momentos de solidão e abandono, saiba em primeiro lugar que Jesus estará sempre ao seu lado, nos dias bons ou difíceis, e que o vazio da sua alma pode ser preenchido pelo Seu amor e cuidado. Em segundo lugar lembre-se que você é uma pessoa com potenciais, com uma trajetória de superações. E em terceiro lugar procure ajuda de pessoas que você tenha vínculos.


Jesus esteve sozinho quando seus discípulos o traíram, ele esteve sozinho na cruz, mas no momento de maior agonia, Ele olhou para os céus, e se lembrou que o Pai, estava ao seu lado. Naquele momento Ele certamente teve consciência que a fase da crucificação, daria lugar ao início de um novo ciclo em sua vida, incomparável a todas as circunstâncias difíceis que Ele havia passado.


Nos momentos de solidão, olhe para você e para a sua volta e depois olhe para o céu, uma nova fase está começando, não se abandone!

Referência

PINTO, Manuel da Costa (org). O livro de ouro da Psicanálise. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

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