Saudade, a dor do luto e a esperança
- Pra. Evelyn Dias
- 13 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lamentações 3:21)

Somos feitos de lembranças. As lembranças nos constituem, formam nossa identidade, nos dizem quem fomos e apontam para quem seremos. Durante toda a nossa vida portamos as lembranças da mais tenra infância; os primeiros afetos, os primeiros amigos, até o dia em que conseguimos o primeiro emprego, o dia em que conhecemos o grande amor da nossa vida, e todas as recordações que nos acompanham e continuarão nos acompanhando. Nesta jornada guardamos na memória a coletânea de imagens, pessoas, lugares e situações que fizeram parte da nossa história.
Muitos não sabem, mas ao passar dos anos, quando não temos mais por perto as pessoas que amamos, ou as situações que um dia nos fizeram felizes, adentramos em um processo de perda. As perdas são constantes na nossa vida, e o processo de luto que acompanha este sentimento, também é. A saudade faz parte deste processo. A saudade é a dor do vazio que ficou, daquilo que um dia estava preenchido. Como lidar com este luto ou com a dor da saudade?
Na palavra de Deus encontramos uma alternativa interessante. O profeta Jeremias trazia sempre à sua memória o que trazia esperança. Jeremias havia passado por muitas perdas durante a sua vida. Ele acompanhou a destruição do seu povo, ao ser levado para uma terra longe, Babilônia. Ele perdeu pessoas que fizeram parte da sua trajetória e ministério e viu a morte chegar para muitos. O caos, a destruição e a dor da saudade de uma época que já não existia, dilacerava o coração do profeta.
Ao lermos este versículo vemos que Jeremias lidou com seus traumas, recordando das palavras que Deus havia dito a seu respeito, talvez ele se lembrasse do dia do seu chamado, e como foi maravilhosa a experiência de se entregar à Deus por completo.
A saudade é inevitável e o processo de luto também, mas quando recordamos com gratidão da grandeza de Deus, e da maravilhosa oportunidade de termos convivido com pessoas que amamos, tudo que aprendemos com elas, e de como cada situação que já passou nos fez amadurecer, teremos uma nova esperança, e descobriremos que nada se perdeu e talvez uma nova fase esteja apenas começando!
As lembranças não servem para serem dispositivos de tristezas apenas, mas podem ser utilizadas como escada para alcançarmos voos mais altos e duradouros, facilitando nosso processo de amadurecimento espiritual e fortalecimento identitário, revelando a nós mesmos quem somos e do que somos constituídos.
Por isso lembre-se sempre do amor de Deus, e sinta o refrigério e a cura Dele na sua alma, nos momentos de dores e perdas, que integram a plenitude da experiência humana.
Palavra abençoada e restauradora.